Com crescimento acima da média, Paraguai vira caso de sucesso na região
10 de fevereiro de 2017Antes visto apenas como exportador de alimentos, eletrônicos falsificados e extremamente dependente de seus vizinhos maiores – Brasil e Argentina – o Paraguai vem se destacando como um “case” de sucesso na região.
Em sua recente participação no Fórum de Davos, a primeira de um presidente paraguaio, o conservador Horácio Cartes (Partido Colorado) foi questionado sobre qual era o segredo do sucesso de seu país num momento em que a América desacelera.
O país cresceu entre 3% e 4% nos últimos anos, enquanto as demais economias da região ficaram na média de 2%. Para não falar da recessão de Brasil e Argentina.
“Não há segredo, na última década tivemos um vento favorável [referindo-se ao boom das commodities], e o que fizemos depois foi cuidar de nossos gastos e investimentos”, afirmou o presidente em Davos.
Eleito em 2013, Cartes é um dos principais empresários do país. Atua no setor de tabaco, além de ser um dos fundadores do principal banco paraguaio, o Amambay.
Os principais motivos do bom desempenho paraguaio são o investimento industrial, especialmente com as chamadas “maquilas”, e a abertura do setor de carnes para investidores estrangeiros.
Maquilas
A principal Lei paraguaia, que prevê incentivos para a instalação de empresas no Paraguai visando à exportação, é a Lei de Maquila (Lei N° 1.064 do Paraguai). O artigo primeiro desta lei deixa claro seu objetivo e as operações que são por ela abrangidas, compreendendo o fim de promover o estabelecimento e regular as operações de empresas industriais montadoras que se dediquem total ou parcialmente a realizar processos industriais ou de serviços incorporando mão de obra e outros recursos nacionais destinados à transformação, elaboração, conserto ou montagem de mercadorias de procedência estrangeira importadas temporariamente para efeito de reexportação posterior, em execução de um contrato subscrito com uma empresa domiciliada no estrangeiro.
O setor de “maquilas” é um dos que mais cresceram no ano passado, 10% ante 2015. Para atrair interessados, o país oferece desconto de impostos. “Das maquilas, 80% são brasileiras, 7% argentinas, e o resto se divide entre europeias e americanas. Mas queremos chegar a mercados distantes”, disse Catarina Daher, da Câmara de maquiladoras.
Para o ministro da Fazenda do Paraguai, Santiago Peña, mesmo com a diversificação industrial, o Paraguai não pode abrir mão da agropecuária. “Alimentos sempre serão necessários e não podemos renegar nossa tradição. Os chineses não vão poder comer celulares”, afirmou o ministro.
No setor de carnes, o investimento paraguaio já superou o de Uruguai e Argentina e só perde do Brasil. Parte desses recursos é brasileira.
Transformação
O estereótipo da capital paraguaia está mudando. Em vez de uma cidade marcada por ruas estreitas e lojas de eletrônicos (alguns de procedência duvidosa), casas de câmbio e ambulantes trabalhando sob o sol a pino, Assunção vem se transformando em alta velocidade.
Se o centro guarda muito dessa imagem, os novos bairros e a região portuária estão mudando. Surgiram torres de escritórios, hotéis e shoppings centers.
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Publicado em 05/02/2017