Empresas do Polo Industrial de Manaus podem se instalar no Paraguai

15 de março de 2017

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Pelo menos duas fabricantes de componentes do Polo Industrial de Manaus (PIM) estudam a viabilidade de transferência de operação de Manaus para o território do Paraguai. O motivo é o maior volume de encargos tributários exigidos no Amazonas em relação à s cobranças estrangeiras e ainda a concorrência com os produtos importados de países do continente asiático.

Segundo os empresários, a instalação das empresas no país vizinho pode representar redução significativa de custos a itens como a mão de obra, a infraestrutura e a logística. O gerente comercial da empresa GK&B, Júlio Sato, afirma que a produção industrial de uma fabricante instalada no Paraguai demanda gastos em um volume 40% menor do que é exigido pelo sistema tributário brasileiro imposto às empresas do PIM.

Sato informa que a empresa, que fabrica cabos de força e chicotes, desenvolve um estudo com uma simulação da possível transferência da fábrica para o solo estrangeiro. Segundo o gerente, no levantamento a empresa analisa questões tributárias incidentes, no Paraguai, sobre a mão de obra, o frete dos produtos, questões de infraestrutura como a energia elétrica, entre outros.  Somente na taxa de energia elétrica a empresa poderá economizar 50% sobre o valor cobrado atualmente na capital amazonense; além da redução de 40% com os gastos com a mão de obra.

“Trabalhamos com a esperança de obter resultados e se isso não acontecer até o segundo trimestre a empresa poderá fechar as portas. Estudamos a transferência para o Paraguai. Estamos analisando os custos da operação no território vizinho. A unidade estrangeira deverá atender às fábricas brasileiras da região Sudeste com preço mais competitivo em relação ao fabricado em Manaus. Os encargos têm nos levado a repensar sobre a continuidade das atividades em Manaus”, disse.

Outro agravante citado pelo empresário à operação das fabricantes de componentes no Estado é a questão logística. Ele explica que em Manaus só é possível embarcar produtos, por meio da cabotagem, para a comercialização uma vez por semana com trajetos que duram 24 dias. Enquanto as cargas que saem do Paraguai são entregues após 36 horas aos Estados brasileiros. “A logística nos permitiria maior fluxo de caixa. Indústrias multi nacionais que funcionavam nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro migraram as atividades para o Paraguai e enviam produtos para o Brasil. No nosso caso, conseguiríamos ter redução de até 4% no preço do produto final, metade do que pagamos em Manaus”, frisou.

Sato relata que a empresa registra queda no faturamento nos últimos 3 anos em decorrência da crise econômica que atingiu o país. De acordo com o empresário, no primeiro bimestre deste ano o resultado foi 40% menor do que o registrado em igual período de 2016. Há três meses a fabricante funciona em um turno e a partir deste mês deverá iniciar um segundo turno com apenas uma linha de produção composta por 30 colaboradores. A empresa conta com 360 funcionários.

De acordo com o presidente da Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas (Aficam), Cristóvão Marques, cinco empresas já fecharam as portas na capital amazonense e mudaram as instalações para o Paraguai. Agora, ele afirma que mais duas anunciaram a pretensão de mudanças, uma delas é a GK&B . “Os encargos tributários cobrados no Amazonas são altos em comparação às taxas exigidas no Paraguai. Por outro lado, há diversas taxas que não são cobradas no estrangeiro, o que reduz significativamente os gastos. É preciso, também, considerar a questão da importação dos componentes. Montadoras compram quites com embalagens, cabos e demais itens de países como a China a preços mais baixos e tiram a oportunidade de geração de renda do Amazonas”, ressaltou.

As fabricantes estrangeiras fornecem produtos como cabos, chicotes, embalagens e injeção plástica, similares aos produzidos no Amazonas por preços bem mais baixos. Na avaliação do economista e consultor, Francisco Mourão Júnior, a situação é preocupante e põe em risco a continuidade do modelo  Zona Franca de Manaus (ZFM). Para ele, o governo deve se preocupar em implementar as reformas tributária e trabalhista, além de analisar os custos demandados por infraestrutura. “ É necessário haver uma discussão ampla entre o governo e os representantes da Câmara dos Deputados e o Senado para tentar defender a Zona Franca de Manaus. Estamos em um momento de ameaças e é preciso tornar o modelo atrativo. Como poderemos pensar em desenvolvimento econômico se não pensarmos em política de longo prazo? ”, questiona.

(Fonte: PortalAmazonia – Pesquisado em 15/03/2017)

 

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